domingo, 12 de dezembro de 2010

Voluntariado como força de mudança

Voluntariado como força de mudança


Eugénio da Fonseca pediu maior coesão às instituições de apoio social
Arrancou no dia 4 de Dezembro, o I Congresso Português do Voluntariado, uma iniciativa acolhida pelo Centro Ismaili, em Lisboa, e que é organizada pela Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV).
Para além de se querer «promover um melhor conhecimento daquilo que o voluntariado já vai fazendo na sociedade portuguesa», importa sobretudo passar a mensagem de que «o sector do voluntariado precisa de uma maior coesão entre as suas diversas organizações», defende o presidente da CPV.
Uma coesão que não significa menosprezar a identidade de cada instituição voluntária ou cercear a sua autonomia mas onde se «valoriza muito a complementaridade e a articulação entre todas elas».
Isto porque, para Eugénio da Fonseca, «o grande risco para o sector do Voluntariado era dar entrada ao vírus que tem minado o mundo económico, ou seja, a competitividade e a concorrência». Algo que «aqui não faz qualquer sentido» sublinha o líder da CPV.
Foi precisamente esta ideia que procurou também transmitir às centenas de voluntários e voluntárias presentes na sessão de abertura deste Congresso.
Definindo o ser voluntário «não como um título mas como uma prática que tem que ser expressão de uma actividade concreta», Eugénio da Fonseca pediu que todos assumam esta função com a maior das responsabilidades, recordando a oportunidade que representa o Ano Europeu do Voluntariado, marcado para 2011.
Olhando para uma actividade que, no nosso país, é multi-secular e que abrange inúmeros sectores de actividade, o presidente da CPV manifestou ainda o seu desejo de que este primeiro Congresso contribua para «um dinamismo forte», assente na discussão salutar de matérias essenciais para o futuro do sector.
E antes de concluir, lembrou a todos os participantes algumas das mais-valias do Voluntariado: «a capacidade de mobilização para a resolução de problemas, a antecipação a políticas públicas e ainda a influência exercida no sector público e em toda a sociedade civil».
As preocupações expressas por Eugénio da Fonseca vão ao encontro dos sentimentos manifestados por muitos responsáveis de organizações de voluntariado, que pretendem uma mudança (daí o título do Congresso) ao nível da acção voluntária, para que esta seja sobretudo mais inserida na realidade, mais competente, e que funcione a uma só voz, com uma força que seja capaz de desbravar novos caminhos para os problemas que afectam a sociedade em geral.
O primeiro conferencista deste Congresso, Ângel Galindo Garcia, procurou sintetizar algumas das qualidades que os voluntários terão de possuir, para que possam fazer parte desta «Força de Mudança».
O sacerdote, catedrático de Moral Social na Universidade Pontifícia de Salamanca, apontou como principais prioridades do Sector reabilitar as fragilidades das pessoas e da sociedade; prevenir os problemas e apontar soluções, num mundo em que se instalou uma «geocultura da desesperança»; integrar as pessoas, «servindo de ponte e eliminando barreiras» e prestar assistência, dando aos outros «alma, ânimo, força, limando as suas deficiências e tratando das suas carências».
«Um voluntariado que actua em relação e que é instrumental, usando os meios que encontra para resolver os problemas, tendo como fundamento a formação», conclui Galindo Garcia.
Os trabalhos deste I Congresso Português do Voluntariado, contam com cerca de 300 participantes, vindos de pelo menos 16 instituições de solidariedade social.

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