quinta-feira, 25 de junho de 2009

A IMAGINAÇÃO

A IMAGINAÇÃO: UMA PORTA PARA A SABEDORIA INTERIOR Todas as crianças apresentam na sua generalidade uma imaginação fértil, recheada de fantasias iluminadas por um espectro de cores, sentimentos e ideias que embelezam os seus mundos do “faz-de-conta”. Nesse mundo não há limites, toda a criança é livre e ninguém lhe diz o que fazer, sendo por vezes aí que se encontram a esperança e a criatividade que permitem equilibrar o esgotante fardo que a consciência tem durante o seu dia-a-dia, onde se esforça por cumprir horários, regras, exercícios de análise, memorização e lógica, de forma a agradar aos pedidos dos adultos que com a mais pura das intenções, lhes ensinam o que é melhor para eles. Neste mundo virado para os princípios do progresso e do sucesso, não parece haver lugar para aqueles que andam com a “cabeça-na-lua”, mas há-de ainda de chegar o dia em que a Escola vai abraçar disciplinas que estimulem o hemisfério direito do cérebro, ou seja, aquele que está mais activo durante o sonho, a meditação ou os momentos de contemplação, sendo por sua parte considerado como o lado sensível, emocional, intuitivo e criativo da massa encefálica. Enquanto esse dia não chega e o mundo continua a ser regido por valores tecnocratas e individualizantes, resta-nos, como cidadãos preocupados com o futuro da humanidade, sensibilizar as pessoas para a importância que as fantasias e as imaginações possuem no acesso às realidades interiores da criança assim como na estruturação e crescimento da personalidade, desde que, obviamente, sejam correctamente integradas na relação com o mundo. De facto, já no tempo da antiga Grécia se utilizavam os sonhos nos templos de cura como instrumentos principais, onde cada pessoa seria visitada pelo Deus Eusclápio que lhes iria entregar uma mensagem e, mais recentemente, o falecido psiquiatra suíço Carl Jung afirmou que a imaginação é a porta de acesso para um mundo e uma sabedoria interior, onde se encontram insights profundos sobre a essência do nosso próprio SELF. Foi também este psiquiatra que aludiu o mundo para o facto do nosso inconsciente conter também uma parte sã, criativa e até divina, não sendo só um caldeirão borbulhante de instintos, traumas e conflitos, à boa moda Freudiana. Assim, qualquer ser humano a partir do momento em que desenvolve minimamente a sua auto-consciência, consegue aprender a escutar esta sábia voz interior e acima de tudo, a começar a aplicá-la no seu quotidiano. Com este pequeno passo, cada ser apercebe-se de que pode influenciar e cooperar com esta sabedoria de vida interior, à qual a consciência da criança é inegavelmente mais aberta e sensível do que a dum adulto. Porque estar com a “cabeça-na-lua” não é estar em lugar algum mas sim num outro lugar, valerá então a pena dar um pouco mais de valor a esse lugar e explorar com a criança o que aí se pode encontrar.

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